Certa vez, em férias no interior, visitei o cemitério local. Lápides antigas com nomes já esquecidos e datas de um passado longínquo. Dois símbolos nas lápides chamam atenção: Uma estrela e uma cruz. A estrela está junto a data de nascimento, a cruz indica o falecimento. Entre um e outro símbolo muitos sonhos, ambições, esperanças, alegrias, sofrimentos e trabalho – até o limite da existência. O sofredor Jó lembra: “Visto que os seus dias estão contados, contigo está o número de seus meses; tu ao homem puseste limites além dos quais não passará.” (Jó 14.5) Aqueles que cuidam de nossa saúde e vida, os médicos, bem sabem deste limite. É como se Deus dissesse ao médico: “Até aqui você fez a sua parte. Daqui em diante é comigo”. Entre a nossa estrela e a cruz, nos defrontamos com múltiplos limites. Vejamos alguns exemplos bíblicos.
Abraão recebe uma ordem divina de estarrecer qualquer mortal. Ele deveria sacrificar seu único filho em holocausto como prova de sua fé no Criador. A esperança da promessa “de ti farei uma grande nação” termina no limite do sacrifício de seu filho. Moisés livra o povo da escravidão, empreende uma fuga heróica, mas pára frente ao Mar Vermelho. Eles não tinham navios! E o inimigo já estava às suas costas. Ana, esposa de Elcana, desejava muito ter um filho e se o tivesse o dedicaria ao Senhor. Seu sonho, no entanto, fica limitado a uma esterilidade. Há outros limites – você e eu os temos.
Você lembra os seus limites? Eles têm nomes: Dúvidas, angústia, aflições, desânimo, falso testemunho, malícia, avareza, inveja, contentas, difamações, calúnias, soberba, lascívia, inimizades, glutonarias e muitos outros. Todos estes, ou um ou outro, uma vez ou outra, limitam nossa vida de santificação e adoração, e nosso amor ao próximo. Eis porque Paulo recomenda aos coríntios: ”Sede vigilantes, permanecei firmes na fé, portai-vos varonilmente, fortalecei-vos” (1Co 16.13).
Pela fé somos “fortalecidos no Senhor e na força do seu poder” (Ef 6.10). E o texto continua: “Portanto, tomai toda a armadura de Deus para que possais resistir no dia mau (quando despontam os limites), e depois de terdes vencido tudo (também os limites) permanecer inabaláveis” (Ef 6.13). Pela fé, Abraão, quando posto a prova (…) “estava mesmo por sacrificar seu filho unigênito” (Hb 11.17). Pela fé Moisés tocou as águas e o Mar abriu um caminho de terra seca (Ex 14.21). Com muita fé Ana ora a Deus e é atendida e engravida – nasce Samuel um dos grandes profetas (1Sm 1.5ss). Pela fé supere também os seus limites. É pequena a sua fé? (Mt 16.18) Peça mais; os discípulos de Jesus pediram (Lc 17.5).
Mas lembre-se. A fé é qual uma semente que Deus Espírito Santo coloca em nosso coração (1Jo 4.13). Toda semente precisa ser regada para se tornar uma planta grande e proveitosa. Regue sua fé com a Palavra de Deus. Aumente sua fé estudando as Escrituras (Ef 4.15 e 2Pe 3.18) e faça como Maria que “guardava todas estas coisas em seu coração” (Lc 2.19). Só assim você estará preparado para superar seus limites.
Acredite: Aquele que entregou o seu Filho à cruz por causa dos nossos pecados, pagando a Deus a nossa impagável divida, com toda certeza fará crescer e fortalecer a nossa fé qual o grão de mostarda, pequenino, mas depois de brotar se torna árvore, grande e proveitosa (Lc 13.19).
Guido R. Goerl
Pastor Emérito da IELB