Esse foi o título da edição 2290 da revista Veja de outubro. Nessa edição, a Veja tentou transmitir a seus leitores um sentimento de orgulho por aquilo que o Supremo Tribunal Federal havia julgado no processo do “Mensalão”. Frases do tipo “O STF consolidou perante os brasileiros o conceito de que a justiça funciona também para os ricos e podersos” chamam a nossa atenção.
Mesmo sabendo que muitos daqueles mensaleiros ainda vão conseguir dar o seu jeitinho de não ficar muito tempo presos, a revista Veja tentou passar a imagem de um STF vivo e ativo a seus leitores desacreditados, em especial, a figura do Sr. Ministro Joaquim Barbosa, o menino pobre, filho de pedreiro, de Paracatú, MG, que mudou o Brasil.
O Ministro incorpora uma espécie de herói do século XXI. Precisávamos de uma pessoa com o perfil dele para romper com os rapapés aristocráticos, pois chegamos ao limite da tolerância com a calhordice no poder”, diz o antropólogo Roberto Da Matta (…) O ex-jogador Dario Alegria, primo distante de Joaquim, lembra que os garotos negros da cidade eram vítimas de um verdadeiro apartheid. “Mas o Joaquim era diferente, nunca levava desaforo para casa e não aceitava humilhação”, diz.
Em uma época em que nós brasileiros estamos carentes de referências éticas, aqueles que condenam mensaleiros, que denunciam a corrupção e que não “levam desaforo ou aceitam humilhação” se tornam os verdadeiros heróis da pátria.
Um outro menino pobre mudou não apenas o Brasil, mas mudou o destino de um mundo inteiro que estava desacreditado em si próprio. Esse menino pobre nasceu humilde, foi colocado em uma manjedoura, mas quando cresceu, ele não denunciou a corrupção do alto de um supremo tribunal, mas colocou sobre si a culpa dos corruptos e pagou a condenação máxima do alto de uma cruz – sem dosimetria.
Quem é esse menino pobre? Onde estará ele nesse Natal?
Porquanto Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para que julgasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele. (João 3.17)
Otto Neitzel