Isso é impossível, um disparate, pois jamais permitirei que um pássaro faça um ninho na minha cabeça. Este assunto do pássaro na minha cabeça provém de uma ilustração usada por Lutero quando dissertava sobre as tentações. Ele disse: “Você não pode evitar que, de repente, um pássaro pouse sobre sua cabeça, mas pode evitar que ele faça um ninho.” Assim também, diz Lutero, você pode evitar que as tentações proliferem.

De fato, “não vos sobreveio tentação que não fosse humana; mas Deus é fiel e não permitirá que sejais tentados além das vossas forças; pelo contrário, juntamente com a tentação, vos proverá livramento, de sorte que a podeis suportar.” (lCo 10.13) Suportáveis e possíveis de livramento, isto é: Quando o pássaro da tentação pousar sobre minha cabeça, pelas promessas divinas eu posso enxotá-lo.

A ilustração do Reformador tem um conteúdo altamente pedagógico. Como o pássaro faz o seu ninho? Aos poucos, graveto após graveto. Ele não tem um cesto em que de vez colhe todos os gravetos e então sobe na árvore para fazer o ninho. Em cada revoada recolhe um graveto. Tantos quantos são os gravetos do ninho, tantas foram as revoadas. Ele tem paciência e trabalha incansavelmente até concluir o seu propósito. A tentação é igual a um graveto; a cada investida deixa um, até alcançar o seu propósito. Ela tem paciência; aguarda por oportunidades.

Tentações são humanas, partem de nós, de nossa mente, de nosso desejo carnal, de nosso coração, de nossas fantasias. Pra melhor entendimento, vamos dar nomes aos gravetos. Inveja (Pv 23.17) é um graveto que encontramos aos montes – do nosso ponte de vista o que os outros tem sempre é mais bonito e melhor. Indiferença é um graveto muito perigoso. “Conheço as tuas obras, que nem és frio nem quente. Quem dera fosses frio ou quente! Assim, porque és morno e nem és quente nem frio, estou a ponto de vomitar-te de minha boca” (Ap 3.15.16) Outro graveto chama-se soberba. “Antes da ruína gaba-se o coração do homem.” (Pv 18.12) Temos o graveto da ansiedade e solicitude pela vida, o que comer o que vestir. (Lc 12.22) Também temos os gravetos da fofoca, das paixões da mocidade, das bíblias empoeiradas, da lascívia, do amor pelo mundo e as coisa do mundo, e muito mais – tudo é candidato ao ninho.

Tentados em todas as coisas (Hb 14.15) nos é recomendado vigiar (Mt 26.41), fugir (1Tm 6.11), guardar-se (Gl 6.16), usar a mão da fé para espantar o que deseja fazer um ninho em nossa cabeça pois ele “nos proverá livramento”.

Aquele que pegou todos os nossos gravetos e os colocou sobre sua cabeça; aquele que rejeitou os três grandes gravetos oferecidos pelo diabo lá no deserto; aquele que pagou pelos nossos pecados, Jesus, passa para nós, pela fé, a força para resistir, espantar e afugentar qualquer tentação que queira fazer ninho em nossa cabeça. Pode crer.

“O Senhor é a fortaleza da minha vida; a quem temerei?” (SL 27.1B).

Guido Rubem Goerl
Pastor emérito da IELB

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