A história tem mostrado que misturar religião e política não traz coisa boa. Exemplos não faltam. No próximo 31 de outubro, junto à urna eletrônica, seria oportuno dar um voto de confiança aos conselhos de Lutero. Foi neste dia, em 1517, que ele chamou os seus adversários para um debate público sobre a prática das indulgências – um fraudulento negócio com o perdão de Cristo parecido com a venda do voto. É o início da Reforma Luterana, movimento que traz mudanças globais no cenário político e religioso e a própria separação entre igreja e estado.

Lutero e o povo alemão não tinham o direito de escolher seus governantes – viviam sob o regime imperial. Mas, cumprindo o seu dever pastoral, aconselhou os príncipes a não se intrometerem em assuntos espirituais e os sacerdotes em questões da administração política. Há dois escritos básicos dele, o Magnificat (1521) e Da Autoridade Secular (1523), que expõem com sabedoria uma ética que falta no atual contexto brasileiro. Lembra que é preciso “distinguir cuidadosamente os dois regimes de Deus e deixá-los vigorar – um que torna cristão, o outro que garante a paz civil e combate as obras más”. Ao questionar: “Que são, pois, os sacerdotes e bispos?”, responde: “Seu regime não é de autoridade ou poder, mas de serviço e função”. Já o estado “não pode estender-se ao céu e sobre a alma, mas somente sobre a terra – o convívio dos seres humanos”. Onde existe mistura, o resultado será a ruína do convívio das pessoas, alerta o reformador.

Neste princípio, os estatutos de minha instituição religiosa são claros: “Em obediência ao princípio bíblico da separação entre Igreja e Estado, tanto a IELB como as congregações não se envolverão em questões de política partidária”. Por isto o código de ética do pastor em exercício: “Mesmo que deva estar atento aos problemas da sociedade, não quero, enquanto pastor, exercer política partidária”. Isto não sugere omissão e passividade política, mesmo porque, se no pensamento de Lutero “política é o esforço constante e paciente para estabelecer e manter uma ordem social compatível com os valores do cristianismo”, isto só acontece no exercício cristão da cidadania política.

Rev. Marcos Schmidt
Pastor da Igreja Evangélica Luterana do Brasil
Comunidade São Paulo, Novo Hamburgo, RS

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