O início da Quaresma é marcado pelo Evangelho que fala da Tentação de Jesus Logo após seu batismo, Jesus foi levado pelo Espírito ao deserto para ser tentado pelo diabo (Mt 4.1). A tradição da Igreja Antiga liga os 40 dias da Quaresma aos 40 anos de peregrinação do povo de Israel no deserto e aos 40 dias que Jesus passou no deserto, jejuando e sendo tentado pelo diabo, que o persuadia a evitar a loucura da cruz.

           Dietrich Bonhoeffer (pastor luterano preso por causa da Segunda Guerra Mundial) faz uma observação interessante a respeito da tentação no seu livro que leva esse título. Ele diz: “Examinada com atenção, a Bíblia só nos relata dois episódios de tentação, quais são a tentação do primeiro homem e a tentação de Jesus Cristo. Isto quer dizer, a tentação que origina a queda do homem e a tentação que resulta na queda de Satanás. Tudo mais relacionado com tentações na vida humana está sob o signo desses dois episódios de tentação. Ou somos tentados em Adão ou seremos tentados em Cristo. No primeiro caso será tentado o Adão em nós, e então será a nossa queda. No segundo caso Cristo é tentado em nós, o que levará à queda do diabo”.

           Quem sabe precisamos ser levados ao deserto para refletimos sobre as tentações que nos derrubam e nem percebemos. Ir ao deserto talvez seja uma das maiores dificuldades nesses tempos de comunicação fácil. Não sabemos mais ficar sozinhos desfrutando da nossa própria presença, sem celular, sem televisão, sem barulho. Dizem que somos hoje uma civilização de distraídos. Ser levados ao deserto nos dá a tarefa de pensar sobre o sentido que tem a nossa vida, e sobre as coisas que perseguimos para lhe dar algum significado.

              Ingressamos em mais um período da Quaresma. O Roxo (cor litúrgica para a época) representa arrependimento. Precisamos olhar para dentro de nós e ver os nossos pecados com terror e considerá-los graves. Porém, mais do que isso devemos dar atenção às palavras do Mestre em meio às tentações: “O ser humano não vive só de pão, mas vive de tudo o que Deus diz” (Mt 4.4). E  repensar a História da Paixão de Cristo para, como disse Lutero no Catecismo Menor, “aprendermos a crer que nenhuma criatura podia dar satisfação pelos nossos pecados, senão Cristo, verdadeiro Deus e verdadeiro homem, e achar alegria e consolo nele só e, portanto, ser salvos por esta fé”.

Edgar Lemke

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