“E o que não se baseia na fé é pecado” (Rm 14.23). Esta afirmação não é de Lutero, mas do apóstolo Paulo ao concluir o capítulo da carta aos Romanos que trata dos fortes e fracos na fé. Neste capítulo Paulo retrata as diferenças da vida de fé em relação aos alimentos e feriados e os perigos do julgamento tanto por parte dos fracos como dos fortes na fé.

Lutero, como estudioso da carta aos Romanos, fez um comentário interessante sobre esse versículo mostrando que a fé é em relação a Deus, ao próximo e a si mesmo. Ele diz: Aqui, o apóstolo fala de maneira genérica sobre a fé; e, no entanto, precisamente ao falar assim, ele faz alusão àquela fé singular em Cristo, fora da qual não há justiça, mas somente pecado. Tal fé, porém, é a fé em Deus, a fé no próximo e a fé em si mesmo. E por meio da fé em seu próximo, alguém é considerado fiel, verdadeiro e digno de confiança; ele tornou-se para o seu próximo aquilo que Deus se tornou para ele próprio. E esta fé no próximo também é chamada de fé ativa; é através dela que ele confia no próximo. A natureza desta fé é que, se alguém age de modo diferente daquilo que crê, ou se duvida do seu próximo, ele se torna culpado diante dele, visto que não faz por ele aquilo que lhe prometeu, da mesma forma como peca contra Deus quando suas ações diferem daquilo que lhe foi dito e daquilo que ele crê. Também assim ele crê em si mesmo e nos ditames de sua consciência, e agindo ela, já está a agir de maneira diferente daquilo que crê, logo, contrariamente à sua fé. Assim, “o que não se baseia na fé é pecado”, dado que é contrário à fé e à consciência; é preciso, pois, acautelar-se com grande empenho de tudo aquilo, para que não se aja contra a consciência (Obras Selecionadas 8, 328).

O movimento da Reforma, com o lema “O justo viverá por fé” (Rm 1.17) nos desafia a atitudes de fé. Em relação a Deus, nossa fé se eleva ao céu, reconhece-o como o Senhor de tudo e em Cristo nos deixa fora do julgamento final. “Aquele que crê no Filho não é julgado; mas quem não crê já está julgado porque não crê no Filho único de Deus” (Jo 3.18). Em relação ao próximo nossa fé se mostra em relacionamentos de confiança, e nos tornamos para o próximo aquilo que Deus é para nós. Em relação a nós mesmos, se confiamos que Deus nos perdoou, podemos nos perdoar daqueles erros que nossa memória faz questão de relembrar, e tomarmos novas atitudes, guiadas por uma consciência orientada pela Palavra de Deus. A base de tudo é a fé.

Edgar Lemke

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